O termo prática tem vários usos e significados. Como substantivo, pode nomear tanto uma conduta habitual quanto uma experiência “do mundo real”, supostamente oposta à condição “teórica" – apesar de sua complementaridade mútua. Ambos os empregos foram considerados para intitular a exposição Concurso como Prática: a presença da Arquitetura Paranaense. A participação e a premiação de equipes paranaenses em concursos de arquitetura, urbanismo e paisagismo desde a segunda metade do século XX é, de certa forma, “habitual”. O grande volume de trabalho de profissionais locais dedicado a concursos não se desdobrou, no entanto, em volume equivalente de obras construídas. A maioria dos projetos não saiu do papel: dos 73 projetos premiados em primeiro lugar, apenas 21 foram construídos até o ano de 2021. Tal distanciamento entre projeto e construção frequentemente resulta num questionamento a respeito do valor dessa produção e desse trabalho de projeto que ocupou grande extensão do percurso profissional de muitos arquitetos e arquitetas do Paraná. Trata-se de um equívoco. Mesmo não resultando – por motivos mais ou menos explícitos –  em edificação e privados do amadurecimento em conjunto com a cidade, tais projetos são produto de negociações com contextos existentes e problemas palpáveis de tecnologia, materiais, espacialidade e urbanidade. É importante conhecer e reconhecer o valor dessa produção – edificada ou não – como prática, e o seu poder tanto de incorporar experiências anteriores, quanto de moldar práticas subsequentes.

A pesquisa realizada vai ao encontro dessa premissa de valorização. Uma linha do tempo, quarenta maquetes e cinco infográficos temáticos reúnem 252 projetos selecionados que datam desde 1948 (proposta de Rubens Meister para o Teatro Guaíra) a 2020. Cada um dos conjuntos respeita uma lógica própria e traz consigo um argumento específico. A linha do tempo incorpora a linearidade temporal de modo a demonstrar períodos mais férteis e períodos mais escassos em termos de concursos de arquitetura. As maquetes subvertem a lógica temporal em conjuntos que sugerem relações de programa, escala e forma. Os infográficos, por sua vez, assumem o formato circular, de modo a dissolver vícios de hierarquia, e tratam de cinco discussões importantes ao se tratar de concursos.





    2. origens e destinos
    3. colaborações
  4. trajetórias pessoais
5. mulheres




[INFOGRÁFICO 1] Projetar e construir

Os 165 concursos são dispostos radialmente, divididos em setores que organizam, em sentido horário, as décadas em que aconteceram. Oito circunferências concêntricas demarcam a proximidade entre a premiação do projeto e sua efetiva construção. Linhas conectam os nomes dos concursos às 252 premiações levantadas – entre finalistas, menções, terceiros lugares, segundos lugares e primeiros lugares – e identificam as 21 obras construídas até o ano de 2021 como desdobramentos dessas premiações.




[INFOGRÁFICO 2] Origens e destinos

Os 165 concursos são mapeados em termos de tempo e espaço. Setores organizam em sentido horário as décadas em que ocorreram os concursos. A distância linear entre a origem da equipe vencedora de cada concurso e o destino de implantação do projeto é marcada em uma escala espacial de circunferências concêntricas, organizadas em intervalos regulares de 200 quilômetros entre si. A circunferência mais interna representa Curitiba, de onde parte a maioria das linhas. Há também marcações de origem posicionadas com certo afastamento de Curitiba, para equipes sediadas em Londrina, Maringá e São Paulo. Nesse último caso, referentes aos concursos dos anos que precederam o estabelecimento definitivo de profissionais vindos de escolas paulistas para Curitiba, até os primeiros anos da década de 1960. Marcações pontuais representam a concordância entre origem e destino do projeto. Linhas espessas representam maior quantidade de premiações em um mesmo concurso. Marcações em linha pontilhada são referentes a concursos para projetos-padrão do estado, a serem implantados em território paranaense, mas sem localização específica.




[INFOGRÁFICO 3] Colaborações

Os 402 nomes de profissionais de Arquitetura e Urbanismo identificados como autores ou colaboradores nas equipes premiadas em concurso estão organizados radialmente em ordem alfabética de acordo com a escola de graduação. Arcos conectam profissionais que integraram uma mesma equipe em um determinado concurso. A espessura da linha do arco mensura a recorrência de premiações conjuntas: quanto mais espessa, mais frequentes foram as premiações compartilhadas entre membros de uma mesma equipe.




[INFOGRÁFICO 4] Trajetórias pessoais

Os 402 nomes de profissionais de Arquitetura e Urbanismo identificados como autores ou colaboradores nas equipes paranaenses premiadas em concurso estão organizados radialmente em ordem alfabética de acordo com a escola de graduação. Circunferências concêntricas constituem uma escala temporal em décadas, de 1940 até 2020. Linhas de raio partindo de cada um dos nomes interligam marcações referentes aos anos de graduação e das premiações de cada profissional.





[INFOGRÁFICO 5] Mulheres

Cada traço representa uma participação individual em concursos de arquitetura. Os traços mais finos são relativos a participações masculinas, enquanto os traços mais grossos representam as participações femininas. Os traços estão organizados concentricamente, preenchendo intervalos entre os anos assinalados nos anéis: 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1990, 2000, 2010, 2015 e 2020. As participações são agrupadas em três setores distintos. O maior setor, à direita, é composto pelas participações em equipes com liderança exclusivamente masculina. O setor à esquerda é composto pelas participações em equipes com liderança mista, composta por homens e mulheres. O menor setor, abaixo, é composto por participações em equipes lideradas exclusivamente por mulheres. Ao fim de cada sequência de participações é identificada a proporção entre participações femininas e total de participações.








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Créditos da exposição | Exhibition credits


CONCURSO COMO PRÁTICA
A presença da Arquitetura Paranaense


Exposição: Museu Oscar Niemeyer | Sala 1 | Setembro a Dezembro de 2021
Edição do catálogo: Museu Oscar Niemeyer, 2022 (à venda na loja do Museu)


Curadoria
Elisabete França

Coordenação | Coordination
Fábio Domingos Batista

Produção Executiva | Executive Production
Alexandre Ruiz

Pesquisa e Infográficos | Research and Infographics
Marina Oba
Daniela Moro

Expografia | Expography
Alexandre Ruiz
Fábio Domingos Batista
Marina Oba

Design Gráfico | Graphic Design
Marcello Kawase
Eduardo Alves da Cruz

Fotografia | Photography
Leonardo Finotti
João Vitor Sarturi

Maquetes | Models
Carlos Alberto Silva
July Ferreira Machado

Aplicativo | Digital App
Felipe Santos Gomes

Projeto Luminotécnico | Lighting Design
Iluminarte
Kristhyan Natal
Karina Mendonça

Filme | Movie (Produção)
Felipe Santos Gomes
Isabela Maria Fiori
Luiz Gustavo Grochoski  Singeski


Colaboradores | Collaborators
Beatriz Agostini Teixeira (Pesquisa e expografia)
Gabriel Tomich (Pesquisa e infográficos)
Karina Pimentel (Especialista em Patrimônio Histórico)
Fabiane Lima Ferreira (Revisão ortográfica)
Thais Saboia (Tradução Inglês)
Julia Camila Kishi Centeno (Pesquisa)
Carolina Freitas Scherer (Desenhos)
Lillian Camargo Moreira (Tradução Libras)
Lukasz do Carmo Staniszewski (Apoio Montagem)
Patricia Cabral Santos (Desenhos)
Tamy Pesinato (Desenhos)
Vitor Almeida da Costa (Desenhos)








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