Em "A Cidade como um jogo de peças", proposta elaborada para a terceira edição da Mostra Arquitetura para Curitiba (2019), adotamos a pequena escala de intervenção como ferramenta de experimentação e apropriação urbana.









A alteridade é fundamental para o desenvolvimento humano. Se privado de estímulos variados, o cérebro não se desenvolve, perde a plasticidade e se deteriora como um músculo atrofiado. Tal argumento é amplamente aceito quando se trata de relações sociais, atividades cognitivas ou físicas. E quanto aos estímulos promovidos pelo ambiente construído?

Houve um tempo em que a busca do espaço ideal, totalmente controlado para oferecer condições perfeitas de segurança, conforto e ergonomia para seus usuários, promoveu uma crescente dissociação entre ambientes interno e externo. Hoje em dia, tem-se cada vez mais clara a importância do contato com a natureza, com espaços livres e com suas variações inerentes de luz, sons, temperatura, umidade, odores, texturas, cores, elementos e vidas.

A importância da variedade de estímulos tem sido discutida não apenas em relação a espaços internos ou privativos, mas também quando se trata de espaços livres públicos. Ruas, calçadas, travessias, canteiros e praças, são frequentemente dotados de tal monotonia que se torna difícil até mesmo diferenciá-los entre si. Ao replicar soluções-padrão de via, equipamentos e mobiliários ao longo da cidade, sob o argumento de eficiência, são desperdiçadas oportunidades tanto de se incluir estímulos variados no dia-a-dia da vida urbana, quanto de se promover a diferença como algo corriqueiro, curioso, rico e promissor.






Como tornar a cidade mais estimulante e divertida?

Esta pergunta nos levou a propor a associação entre movimentos corriqueiros que fazemos ao percorrer ou ao habitar a cidade e movimentos propiciados por equipamentos de lazer infantil. Se, em geral, ambos tem sido viabilizados por soluções-padrão replicadas indiferenciadamente pela cidade, quando associados representam uma possibilidade interpretativa do brincar e do vivenciar a cidade.





Partimos de quatro movimentos básicos presentes em equipamentos-padrão de parquinhos – girar (roda-roda), atravessar (túnel), deslizar (escorregador) e escalar (trepa-trepa) – e construímos uma matriz interativa de 12x12, contendo propostas formais híbridas que oferecessem uma maior diversidade de possibilidades de movimentos. A maior variabilidade de formas permitiria uma apropriação mais específica de espaços urbanos, em uma atitude de afirmação e valorização da diversidade de lugares.





A segunda etapa de trabalho envolveu a aplicação dessas formas a contextos específicos. Num exercício exploratório, foram identificados e recortados espaços livres emblemáticos da cidade de Curitiba. Sua distorção em escala e posterior encaixe em um tangram topográfico conformou um tabuleiro dividido também na organização 12x12. As formas abstratas contidas na matriz foram utilizadas para o desenvolvimento de projetos específicos a cada uma das peças-base.






O resultado se materializou em forma de um jogo de peças. A matriz abstrata foi impressa sobre uma base plana. Sobre ela, encontram-se as 144 maquetes de projetos específicos que, individualmente, associam uma forma, e seu movimento associado, a um contexto topográfico. O quebra-cabeça se encaixa ao se relacionar cada elemento da matriz a cada um dos projetos. O conjunto está contido em uma estrutura feita de refugos de madeira doados, e iluminado por uma cinta suspensa construída de madeira balsa e papel vegetal, que apresenta o memorial da proposta.









tropo_                                      
Daniela Moro, Gabriel Tomich, Marina Oba



equipe












apoio

cliente

exposição

fotografia


localização 


Beatriz Dutra
Bernardo Parmigiani
Bianca de Freitas
Gabriela Ribeiro
Gabrielle Stocco
Heinrich Froese
Marcelo Perussi
Vitor Ferreira
Matheus Costa
Ana Paula Pavelski
Matheus Schneider


Tecverde

Mostra Arquitetura para Curitiba

2019

Eduardo Macarios
Gabriel Tomich

Palácio Iguaçu /
Memorial de Curitiba



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