Em nossa proposta para o Concurso Público Nacional para o Centro Histórico de Tijucas(SC), investigamos estratégias de preservação do patrimônio arquitetônico que fomentassem também a recuperação do patrimônio ambiental.





Centros Históricos são produto da congregação entre pessoas e o meio edificado. Sucessivas gerações registram nos espaços urbanos valores tangíveis e intangíveis específicos de cada tempo e organização social. Heranças de urbanidades, de simbolismos e de identidades de tempos passados, Centros Históricos devem continuar participando ativamente das dinâmicas urbanas e das transformações contemporâneas. Isso pressupõe incluir nas discussões sobre preservação questões ecológicas, conceituais e econômicas, bem como o papel de Centros Históricos perante aqueles que o habitam direta e cotidianamente, e que se encarregam da sua manutenção e operação.

O Centro Histórico de Tijucas apresenta duas questões consideradas mais urgentes. A primeira delas diz respeito aos seus limites em relação ao restante do tecido urbano. Se, por um lado, a legibilidade dos limites entre Centro Histórico e cidade contemporânea é fundamental para valorização do patrimônio preservado; por outro, é importante garantir a fluidez entre eles, fomentando a vivacidade e a apropriação de todo o território urbano. A segunda questão é a proximidade do Centro Histórico com o Rio Tijucas. Há uma relação de reciprocidade entre o bioma aquático e o recorte preservado, de forma que a qualificação de um interfere e depende da qualificação do outro.

Entende-se este projeto como uma medida importante de qualificação e de reconhecimento do Centro Histórico de Tijucas, mas principalmente das características e identidades específicas à Cidade. Valoriza-se as dinâmicas e os espaços já existentes, ao passo que se constrói uma interpretação mais contemporânea do e sustentável do seu legado histórico a curto, médio e longo prazo.



1_ VISIBILIDADE DOS MARCOS NA DEFINIÇÃO DO ALINHAMENTO IDEAL

A inclinação proposta ao longo da Rua Coronel Gallotti proporciona passeios mais generosos em frente aos pontos de maior interesse do recorte: o antigo Cine-Theatro e os casarões Bayer e Gallotti. Ao mesmo tempo, garante a conexão fluida com seus prolongamentos a leste e a oeste. O encontro entre as ruas Coronel e Maria Gallotti acontece em nível: a área alargada em frente ao Casarão encontra com o eixo peatonal que tangencia os seus jardins e conduz o pedestre até um píer sobre a água. A partir deste elemento é possível visualizar não apenas o Rio, mas principalmente o Centro Histórico de Tijucas e os seus principais pontos de interesse.






2_ POLIVALÊNCIA NA DEFINIÇÃO DA LARGURA IDEAL

A associação entre os jardins do Casarão Gallotti e a Rua Maria Gallotti proporciona um desenho mais generoso a pedestres, veículos e ciclistas. Estacionamentos organizados em baias condensadas ao longo da Rua deixam porções da via em nível com a praça, desobstruídas. A organização em quadrantes permite que tais espaços sejam apropriados de maneira total ou fracionada durante festividades e eventos: é possível interromper o fluxo de veículos por trechos, mantendo ou não a funcionalidade dos estacionamentos, e ocupar a praça com mais ou menos infiltração.



3_ ARTICULAÇÃO E PERMEABILIDADE NA DEFINIÇÃO DOS LIMITES

Os espaços livres existentes nos limites do recorte de projeto são delineados como articuladores dos sistemas e fluxos preexistentes. Neles são previstos equipamentos e espaços de apoio, como paraciclos, bebedouros, bancos, e estacionamentos, que mediam a relação entre os Centro Histórico e o restante do tecido urbano. São mantidos os eixos de permeabilidade visual a partir da Cidade em direção ao Rio, e vice e versa; e os pontos de acesso físico à água já existentes, e provendo-os de estruturas mais acessíveis e visíveis, equipamentos de apoio, e espaços de socialização e lazer.









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Angelo Signori, Beatriz Dutra, Camila de Andrade, Daniela Moro, Eduardo Hungaro, Gabriel Tomich, Heinrich Froese Neto, Julianna dos Santos, Marina Oba



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premiação
Prefeitura do Município de Tijucas (SC)

2021

3º lugar



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