Um edifício temporário que é concomitantemente objeto e percurso expográfico. Um edifício que se expande em espaços livres, avarandados e abertos ao caminhar. Lugar imaginado entre os alpendres brasileiros e os telhados japoneses; entre a cultura da materialidade contemporânea e as técnicas mais elementares de construção. Feito para abrigar a vida, construir a cultura, empoderar as pessoas.

O Pavilhão para o Brasil na Expo Osaka 2025 é uma oportunidade de nos percebermos como indivíduos, mas principalmente como uma comunidade de pessoas que aprendem entre si: formas de construir, maneiras de conviver, tolerar e respeitar.

É um lugar, também, para nos reconhecermos como realizadores de uma cultura da materialidade construtiva. Esse reconhecimento, do nosso papel da produção do espaço, está abrigado no campo da memória. E a memória é peça chave para o percurso do Pavilhão.

Elementos arquitetônicos ativam a memória, sejam da espacialidade: os lugares avarandados, os locais da sombra, e o chão permeável; ou da materialidade: a madeira, a palha, o metal, o concreto. Os corpos relembram, através dos materiais e do espaço, as experiências em lugares anteriores, outros contextos, tempos e formas.

Percorrer o edifício é, de certo modo, reavivar lembranças, memórias de habitar e de construir. E uma espécie de busca do lugar comum, daquilo que dividimos e que nos une.





ARGUMENTO CURATORIAL

O ponto de partida da curadoria é o reconhecimento de que o Brasil é um país fundado em atos de violência. Atos de violência cometidos pelos colonizadores europeus contra os povos originários das terras que se tornariam o Brasil e, também, contra a população negra trazida à força de cantos diversos da África e, em seguida, escravizada aqui. É um país que se institui, portanto, ancorado no racismo. Atos de violência que estabeleceram, no Brasil, uma assimétrica distribuição de corpos brancos e não brancos em espaços públicos e privados, na qual os corpos brancos usualmente possuem poder de mando, enquanto os corpos não brancos são usualmente submetidos a um regime de controle e dominação. Situação que, ao longo de mais de cinco séculos, se reproduz e se atualiza.

Pensar o tema “empoderando vidas” no Brasil contemporâneo implica, portanto, reconhecer as várias estratégias de combate a essas violências e, também, a outras a elas associadas, como a heteronormatividade dominante. Implica igualmente reconhecer, porém, as estratégias que se ocupam em imaginar um outro espaço de vida no país, mais justo e inclusivo. Estratégias conjugadas que são formuladas, principalmente, por movimentos de resistência de povos indígenas, pela população negra do Brasil e por aqueles que não se permitem aprisionar em definições reguladoras de gênero. E que se expressam tanto em demandas por políticas públicas afirmativas quanto na invenção de um inédito território simbólico e artístico. Na exigência por reparação de danos causados a tantos e, ao mesmo tempo, na afirmação do direito à beleza e ao gozo para quem sempre o teve como impossibilidade. Vidas somente são empoderadas, afinal, se são autônomas para decidir seus destinos e para usufruir de conforto material e sensível. Se são capazes de articular casa e dança, escola e festa, saúde e arte, segurança e praia. Se podem afirmar-se como felizes.






Obras de afirmação do direito à felicidade e ao gozo compõem a maior parte da Exposição. Integram ainda obras mais claramente de afronta a danos históricos; e outras que, simultaneamente a isso, e também em outra direção, desenham outros futuros possíveis. Oito artistas contemporâneos informam e reforçam de diferentes maneiras as questões que orientam o projeto curatorial, compondo um conjunto de obras com variação em mídias (pinturas, fotografias, instalações, projeções), passíveis de serem adaptadas às implantações distintas e com possibilidade de encomendas específicas. São eles:











Esta coleção de corpos em manifestação de felicidade e gozo, deitados, reclinados, apoiados, descontraídos e entrelaçados, foi o ponto de partida para o projeto expográfico. Os espaços propostos incentivam os visitantes a mimetizarem tais posturas ao longo do percurso, em um esforço de se potencializar a interação e a empatia entre público visitante e obras apresentadas. Por outro lado, as obras refletem também sobre a constante necessidade de conquista e reafirmação do direito à felicidade e ao gozo. A tensão, a instabilidade e a criatividade inerentes a esta luta constante são, também, manifestadas nos espaços do Pavilhão.













Emerson Vidigal, Eron Costin, Fabio Faria, João Gabriel Cordeiro, Martin Goic
+ Camila de Andrade, Charlles Furtado, Guilherme Fernando Pinto, Tamy Pesinato


tropo_
Beatriz Dutra, Gabriel Tomich, Marina Oba
+ Gabriel Castro




área

ano

parceria local

curadoria

complementares

AVAC Estruturas

Inst. hidráulicas

Inst. elétricas
 
3 123 m²

2023

KINO Architects

Moacir dos Anjos

PROAFA Engenharia

Carlos Almeida

Gustavo Alves + Rui Furtado

Paulo Silva Raul Serafim




© tropo 2023